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EMAGRECER A QUALQUER CUSTO? O RISCO REAL POR TRÁS DAS CANETAS INJETÁVEIS DA MODA


“Você está a uma injeção do corpo dos seus sonhos.” A promessa, repetida nas redes sociais por influenciadores e até por profissionais de saúde, ganhou força com o uso cada vez mais popular das chamadas “canetas de emagrecimento”. Produtos como Ozempic, Mounjaro, Wegovy e Tirzepatida foram desenvolvidos para tratar doenças sérias como o diabetes tipo 2 e a obesidade — mas, hoje, são amplamente utilizados como um atalho estético para a perda rápida de peso.


E, sim, o efeito existe: essas substâncias reduzem o apetite, ajudam a controlar a glicemia e, em muitos casos, promovem perda de peso significativa. Só que há um grande porém. Esses medicamentos são indicados para pacientes com diagnóstico clínico específico, e seu uso deve ser prescrito e monitorado por médicos. Fora desse contexto, os riscos são altos: efeitos colaterais como náuseas, vômitos, pancreatite, hipoglicemia e problemas gastrointestinais são só alguns dos alertas.


Mesmo assim, cresce o número de pessoas saudáveis que compram e aplicam as injeções por conta própria — e, frequentemente, sem sequer saber a origem do produto. Esse comportamento tem gerado um mercado paralelo altamente lucrativo, com vendas ilegais em farmácias informais, redes sociais e grupos de mensagens. A Receita Federal vem atuando: apenas em abril, foram apreendidas mais de 390 unidades dessas canetas, o equivalente a cerca de R$ 1 milhão em medicamentos trazidos irregularmente para o Brasil.


A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já determinou que a venda desses produtos exige receita médica com retenção. E a legislação é clara: vender, armazenar ou expor medicamentos sem autorização configura crime contra a saúde pública, com pena que pode chegar a 15 anos de prisão — além de multa.

O cenário levanta uma discussão necessária: até onde vale a pena ir pela estética? A busca por um corpo mais magro, mais “aceitável” ou mais parecido com o que se vê nas redes sociais tem levado muitas pessoas a abrir mão do acompanhamento médico e da segurança em nome de resultados rápidos. E isso é preocupante.

Médicos, endocrinologistas e farmacêuticos alertam: não existe milagre. Cada organismo responde de uma forma, e o uso inadequado desses medicamentos pode comprometer a saúde de forma grave e irreversível. Além disso, interromper o uso sem orientação pode causar o chamado “efeito rebote”, com ganho de peso ainda maior.


A medicina existe para tratar, não para seguir tendências. A imprensa, para informar com responsabilidade. E os órgãos de controle, para proteger a população dos perigos que nem sempre aparecem nas promessas encantadoras de uma postagem patrocinada.


Antes de recorrer à caneta “mágica”, a pergunta que fica é: você está buscando saúde ou só um padrão de beleza? E, principalmente: quem está te orientando nessa decisão?


 
 
 

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