Levantamento do ISP aponta que a dependência econômica é o principal motivo para a mulher não sair de uma relação violenta. Nesta semana, começou campanha mundial para combater a violência contra a mulher.
A pesquisa “Medo, ameaça e risco: percepções e vivências das mulheres sobre violência doméstica e feminicídio” feita pelo Instituto Patrícia Galvão em parceria com o Instituto Consulting Brasil e apoio do Ministério das Mulheres mostra que duas em cada dez mulheres (21%) já foram ameaçadas de morte pelo parceiro ou ex. O levantamento foi divulgado nesta semana, no lançamento da campanha global "16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher". As ações envolvem 160 países.
Com o levantamento no Brasil, é possível fazer uma estimativa de que quase 17 milhões de brasileiras já viveram ou vivem em situação de risco de feminicídio. Além disso, 6 em cada 10 brasileiras conhecem ao menos uma mulher que já foi ameaçada de morte pelo atual ou ex-parceiro ou namorado.
Segundo a pesquisa, a dependência econômica é o principal motivo para as mulheres continuaram numa relação violenta. 64% das entrevistadas que sofrem ameaças apontaram essa alternativa.
O medo de ser assassinada e a esperança de ver o companheiro mudar são outros motivos que mantem a mulher vítima de violência num relacionamento abusivo.
A pesquisa mostra, ainda, que as mulheres pretas foram as maiores vítimas da violência (25%), seguidas das mulheres que se declaram pardas (19%) e brancas (16%).
Ainda dentro de um recorte de raça, um outro estudo, do Instituto DataSenado, mostrou que, das mulheres negras vítimas da violência, dois terços delas têm baixa ou nenhuma renda e a maioria delas, 85%, convivem com seus agressores. Os números são da Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher Negra, desenvolvida em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência do Senado.
Pesquisadora do Observatório da Mulher contra a Violência, a psicóloga Milene Tomoike diz que o fato de a maioria das mulheres negras vítimas de violência ainda conviverem com seus agressores aponta para “uma realidade de extrema vulnerabilidade, onde a dependência econômica e a presença das crianças tornam a cultura desse ciclo de violência ainda mais desafiadora”.
"O que a pesquisa traz é um cenário atual de como a mulher negra observa a violência, entende a violência e vivencia a violência doméstica e de gênero hoje. E, por isso, a pesquisa é tão importante para subsidiar políticas públicas, para que a gente possa ver a efetividade e a adesão dessas políticas públicas pelas mulheres que de fato necessitam delas. Esses números representam vozes de mulheres", disse a pesquisadora.
RIO - No estado do Rio, só a Polícia Militar recebeu, em 2023, uma média de 10 ligações, por hora, para atendimento de casos de violência contra a mulher. O levantamento do Instituto de Segurança Pública registrou mais de 87 mil ocorrências desse tipo no ano passado, um aumento de 18% em relação a 2022.
Para a diretora-presidente do ISP, Marcela Ortiz, esse crescimento se deve a maior confiança da mulher em denunciar às autoridades. "A análise dos dados da Central do 190 amplia a compreensão sobre os crimes de violência de gênero. O aumento das denúncias é um indicativo de que as políticas públicas estão fortalecendo a confiança da população no trabalho do governo”, afirmou.
Em 2023, as ocorrências de descumprimento de medidas protetivas mais que dobrou. E os casos de assédio sexual tiveram um crescimento de 44%.
O governo do Rio informou que criou uma secretaria exclusiva para as mulheres e que investe em ações intersetoriais e em estudos como os do ISP, que orientam políticas públicas voltadas à segurança e ao empoderamento.
Já a Polícia Militar disse que criou, em 2019, a Patrulha Maria da Penha, que hoje tem 48 equipes atuando no estado. Em cinco anos, a Patrulha prendeu mais de 700 agressores e atendeu a 83 mil mulheres. A PM também lançou o aplicativo Rede Mulher, que tem a Sala Lilás Virtual. Ela funciona como um canal de atendimento via chat, integrada à Central 190 da Polícia Militar. O atendimento é feito por profissionais capacitados pela Secretaria de Estado da Mulher (SEM).
ONDE DENUNCIAR
PM - 190
CENTRAL DE ATENDIMENTO A MULHER - 180
WHATSAPP CENTRAL ATENDIMENTO A MULHER - (61) 99656-5008
OUVIDORIA MPRJ - 127
TELEGRAM: digitar “Direitoshumanosbrasilbot” na busca do aplicativo;
DEAMS RJ (INTERIOR)
CABO FRIO - (22) 2648-8057 / 22649-7567 / 2649-7625
CAMPOS - (22) 2738-1336 / 2738-1473 / 2738-1309 / 2738-1254 / 2738-1044
NOVA FRIBURGO - (22) 2533-1852 / 2533-1694
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