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VÍTIMAS DA TRAGÉDIA NA SERRA CONTINUAM À MÍNGUA

Milhares de moradores atingidos pelo maior desastre ambiental do RJ ainda estão em áreas de risco, sem casa e sem obras. A jornalista Ana Paula Mendes faz um desabafo sobre a demora na garantia de direitos de quem viveu um dos piores momentos da história do Rio.


O educador Jones Manoel relembrou a tragédia na Região Serrana, ocorrida há 13 anos, ao se referir ao recente desastre ambiental no Rio Grande do Sul. "Mais de mil pessoas morreram nessa tragédia. Passada a comoção, nada mudou. Tudo, desde política ambiental, prevenção a tragédias, moradia popular e planejamento urbano, seguiu igual ou pior", comentou nas redes sociais. "Resultado prático na Serra: passado o choque, a onda de comoção e solidariedade, a tendência é manter tudo como está e esperar a próxima tragédia", finalizou.


Ele é de Nova Friburgo, a cidade mais atingida, com 451 mortos. Em Teresópolis, Jaqueline Vieira comentou nas redes sociais as lembranças da tragédia em 2011 ao assistir as imagens do Rio Grande do Sul. "Perdemos tudo. Fizemos nossa parte e recomeçamos. Mas ainda esperamos por mais atenção, até hoje", desabafou.


Milhares de pessoas nas sete cidades atingidas pelo desastre ambiental de 2011, considerado o maior do Brasil em número de mortos, ainda sofrem os reflexos dos temporais de verão. Em Petrópolis, Teresópolis, Nova Friburgo, São José do Vale do Rio Preto, Sumidouro, Bom Jardim e Areal foram registradas 918 mortes. Ainda há cerca de 100 desaparecidos. Trinta mil pessoas ficaram desalojadas.


Mais de uma década depois, só em Petrópolis, 294 famílias ainda esperam por uma casa nova. Os imóveis prometidos pelo governo do estado para elas ainda nem saíram do papel. Os terrenos já foram escolhidos. A Secretaria de Habitação do Estado informou que divulgou chamamentos públicos, pelo Programa Minha Casa, Minha Vida, para a construção de unidades habitacionais nos bairros Mosela (140 moradias), Benfica (84 moradias) e Vale do Cuiabá (70 moradias). Mas não deu previsão.


Em Teresópolis, 500 famílias atingidas pela tragédia só devem receber uma casa nova no ano que vem. A previsão é que os imóveis sejam entregues em julho de 2025.


Até hoje, 421 famílias recebem o aluguel social do governo do estado em Petrópolis, Nova Friburgo, São José do Vale do Rio Preto, Sumidouro e Teresópolis. O gasto com o benefício, desde então, é de R$ 30 milhões. Os valores pagos variam de R$ 400 a R$ 500 e não houve reajuste, com exceção de Petrópolis, onde moradores afetados pelas chuvas de 2021 receberam R$ 800, devido à dificuldade em encontrar imóveis disponíveis.


O Ministério das Cidades estima que 170 mil pessoas ainda vivam em áreas de risco nas sete cidades atingidas. A prefeitura de Nova Friburgo, única a responder à reportagem, informou que estima uma redução de 50% no número de moradores em áreas de risco na cidade desde 2013, quando foi realizada a última pesquisa do tipo. Na época, eram 30 mil pessoas.


Ainda em Nova Friburgo, um dado preocupante: a prefeitura diz que apenas 30% das obras de prevenção de desastres previstas foram executadas. No caso das intervenções no Córrego Dantas, por exemplo, pouco mais da metade do trabalho foi concluído. Essas obras estão inscritas no PAC, do governo federal, e aguardam a liberação de recursos.


O Ministério Público questiona, na justiça, a demora na execução de várias dessas obras. Só em Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo foram encontradas, pelo menos, 66 ações ajuizadas pelo MP referentes à tragédia de 2011. Entre essas ações, também há questionamentos como a realocação de famílias de áreas de risco e até casos de desvio de dinheiro público, com contratações irregulares em situações emergenciais. Esses casos seguem em segredo de justiça.


O governo do estado disse que investiu, só neste ano, R$ 4 bilhões em prevenção de desastres, na Defesa Civil e no Corpo de Bombeiros. Investiu outros R$ 700 milhões em obras de recuperação de danos provocados pela tragédia. Foram obras como recuperação de rodovias e reforço de encostas. Conta ainda com 202 sirenes e 70 pluviômetros.


Disse ainda que, pelo Programa Limpa Rio, do Instituto Estadual do Ambiente (INEA), foram investidos mais de R$ 60 milhões na limpeza e desassoreamento em 66 frentes de trabalho em rios e canais em Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis. No total, foram retirados cerca de 500 mil metros cúbicos de sedimentos, numa extensão de 65 quilômetros.


Ainda comentando a situação na Região Serrana 13 anos após a tragédia, o professor Jones Manoel disse: "É fundamental pautar as origens e causas dessa tragédia e o modelo de reconstrução das áreas atingidas", finalizou a publicação.

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